Acarajé da baiana aqui perto de casa (Stella Maris) |
Quem é da Bahia, ou por aqui já passou, sabe que "acarajé é hamburguer de baiano". Não, não estou brincando caro amigo macho de outras pradarias. Se você botar na frente de um baiano um acarajé, um hamburguer e um refrigerante (ou cerveja) gelado, o acarajé some em minutos. Certo, confesso que alguns odeiam essa comida, mas... e daí? Feito de feijão fradinho passado no moinho até virar uma massa bem fina, cebola e sal, este bolinho típico da culinária africana e baiana provavelmente foi introduzido na África pelos árabes, já que sua receita, original até hoje, se assemelha com a do Falafel, prato árabe muito apreciado. Como você pode ver, a receita em si não tem mistério algum e o segredo, para um acarajé macio, é o tempo que se bate a massa.
Davi, só não te mando porque já acabou. :o) |
Me inspirei para escrever este post porque vi o Davi, do Adoro Comer, se deliciando com um destes hamburgueres baianos. Como ele é de outro estado e não sei se a baiana lá era paraguaia, me prometi que tiraria a foto de um legítimo acarajé para mostrar a ele. Esta comida ritual, oferecida à orixá Iansã (Santa Bárbara no sincretismo religioso) na verdade se chama acará (pronuncia-se a-ká-rà) e significa, em iorubá, "bola de fogo". Enquanto o jé (ou jê) significa "comer". Daí o porquê de você ter passado mal na sua última visita à Bahia, depois de ter se empanturrado com estas bolas de fogo apimentadas servida pelas baianas locais. hehehe Brincadeiras à parte e, com todo respeito que se deve à cultura afro-brasileira o Acarajé é realmente um prato para ser apreciado. Existe a maneira simples e a maneira complicada de se preparar acarajé em casa. A maneira simples envolve ir até o supermercado mais próximo, comprar uma mistura pronta e, seguir o modo de preparo, bastando fritar em azeite de dendê no final. A maneira complicada envolve também ir ao mercado e comprar:
|| Ingredientes:
500gr de feijão fradinho
150g de cebola
Sal a gosto
|| Modo de preparo:
Triture o feijão, ainda seco, em um moedor ou liquidificador (baianas, antes de me crucificar, por favor, leiam as observações no final do post), deixando de molho em um pouco de água para que a casca se separe. Tenha certeza de retirar toda a casca do feijão. Se precisar troque a água duas ou três vezes para isso. Volte esse feijão para o liquidificador com a cebola e o sal e bata bem. Quando a massa estiver correndo lisa, transfira para uma vasilha e termine de bater com uma colher de pau até que ganhe uma consistência espumosa. Retire colheradas desta massa e frite em azeite de dendê bem quente, lembrando que a massa tem que flutuar no azeite enquanto frita, afinal, isso é acarajé, não ovo estrelado. Vire e frite o outro lado.
Sirva com vatapá (sim, também vende o preparo em caixinha), camarões secos refogados em azeite de dendê, cebola e alho e, uma saladinha de tomate, cebola e coentro bem picados.
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Nota: Neste post tive uma ajudinha da minha amiga Rose (@rosebaiana) lá do Recanto Baiano (@RecantoBaiano), em Manaus. Afinal, nada melhor que uma baiana pra falar sobre acarajé, não é? Saudade de tu, "tia" Rose. :o)
Dica I: O tamanho do acarajé é você quem decide, mas se você for servir como aperitivo, acompanhando aquela cerveja estupidamente gelada, uma colher de sobremesa é a porção ideal de massa para fritar. Sirva estes mini-acarajés em uma travessa, acompanhados das porções de vatapá, camarões e salada.
Dica II: Eu realmente recomendo um moedor, daquele que a sua vó tinha em casa, mas como você não vai sair melecando a cozinha toda, seja prático e use o liquidificador.
Dica III: As baianas costumam colocar uma cebola inteira dentro do azeite enquanto este frita os acarajés. isso serve pra controlar a temperatura do azeite e evitar que ele queime.
Dica IV: A pimenta, recomendo, sirva à parte já que nem todo mundo aprecia.
Dica V: Outra iguaria do tabuleiro da baiana, também bastante apreciada, é o abará que difere-se apenas na maneira de cozer. Enquanto o acarajé é frito o abará é cozido no vapor.
Gente, tô passada! Não imaginava que triturava feijão ainda seco. Adorei o post :)
ResponderExcluirTulio, acarajá (bahiano ainda por cima!) é MUITO mais gostoso que hamburger... Sorte de vcs que têm isso ao seu alcance... Fiquei com água na boca! Sou fã!
ResponderExcluirBeijos, Cecilia
Tulio, acredita que nunca comi acarajé? Aqui no RJ vende, mas confesso que evitei porque não quero "contaminar" meu paladar com um acarajé que pode ser fake! Rs. Só mesmo quando eu for à Bahia :-) Beijos!
ResponderExcluirTúlio eu gosto de acarajé, a primeira vez que experimentei um foi em São Sebastião, uma cidade que fica no litoral norte, gostei de cara, mas dizem as boas línguas que acarajé porreta mesmo é o de Bahia. Quem sabe um dia vou conhecer Bahia (um dos meus sonhos de consumo) ai vou poder dizer o que é que o acarajé da baiana tem. Bjs
ResponderExcluirConfesso que, apesar de morar em Salvador, eu pouco como Acarajé. Como uma vez a cada... sei lá... 6 meses. Não que eu não goste. Muito pelo contrário. Adoro! Mas não é o tipo de coisa que você coma todo dia. Há quem coma, mas eu não. Mas, se tiver rolando uma cerveja estupidamente gelada, um acarajé cortadinho no prato, pra acompanhar, cai muito bem! :o)
ResponderExcluirAdri, procura saber se o dono do local é uma baiana. Tem muitas morando em outros estados e que sabem fazer um bom acarajé. A exemplo da mãe dessa minha amiga aí que me deu a "consultoria". Não se engane não... muitos dos famosos aqui da Bahia que você ouve falar, são puro marketing. Geralmente é porque algum "famoso" que nunca experimentou acarajé na vida, disse que era o melhor acarajé que já comeu. Aí sabe como é o povo né? Vai na onda. Tem muita baiana, como essa que fica aqui na esquina, e que tem acarajé mais gostoso que o das Baianas Top.
Tulio, antes de mais nada, parabéns pelo delicioso texto! Vir ao seu blog é um daqueles momentos em que fico rindo sozinha na frente do computador! Adoro!
ResponderExcluirAgora, falando do acarajé, já inventei de fazer em casa, mas como não sabia do liquidificador, fui atrás de uma baiana que me disse que tinha que esfregar o feijão (depois de demolhado por horas), pasmém, na mão!!! Foram 500g de feijão fradinho... Acho que traumatizei! rsrs
Mas agora, com a modernidade do liquidificador invadindo a cozinha baiana, vou tentar de novo!
Os seus estão lindos e de dar água na boca!
beijos
Túlio, eu simplesmente adorei o post de hoje! Gosto muito de Acarajé, aqui no Rio tem em poucos lugares..
ResponderExcluirNão sabia que era feito de feijão fradinho. Sério. Tomei até um susto! Agora gostei mais ainda, porque adoooro salada de feijão fradinho hehe. Achei a ideia de fazer para servir em porções pequenas o máximo, já que nunca vi acarajé estilo finger food! :P
Vem cá, já pensou nesse bolinho do acarajé recheado com outras coisas? Existe isso na Bahia? (posso estar falando uma coisa totalmente comum ou totalmente ensandecida, então não sei!)
Beijos
Bruna e Vivian. Adorei as mensagens de vocês e vamos aos esclarecimentos de dúvidas.
ResponderExcluirBruna, originalmente nos terreiros, o feijão era moído sobre uma "tábua de pedra" meio rugosa, para fazer as vezes de ralador. E usava-se uma outra pedra, rombuda e roliça para esmagar os grãos sobre essa "tábua". Mas... estamos no século XXI né? Então se até a "palavra de Deus" é transmitida via IPTV, por que não usar um liquidificador pra facilitar o processo? hehehe Mas se você quiser, use um daqueles moedores de carne de ferro. Sabe? Daqueles que a vovó usava. Dá no mesmo. Vou perguntar a uma amiga se nos terreiros ainda é assim (duvido muito!) e te falo. Pode ter algum tradicionalista né? Em tempo, esse acarajé aí não foi eu que fiz não. Esse eu comprei pronto na baiana que fica aqui na esquina da rua. hehehehe
Vivian. Você já experimentou o Abará? É a mesma massa, mas é mais leve porque é cozida no vapor, enrolada em palha de bananeira. Eu, particularmente, prefiro o Abará ao Acarajé. Para quem não gosta do dendê, é uma boa pedida. Quanto aos mini-acarajés, é comum encontrar aqui. Principalmente em setembro, por conta da festa de Cosme e Damião. Mas a qualquer tempo, se você chegar pra uma baiana e pedir, ela ou tem pronto, ou pode fazer. A diferença no que ela vai ter é só o tamanho da colher. :o) Já vi em uma revista, acho até que foi uma das últimas edições da revista da Nestlé, a idéia de usar o acarajé como finger food. Mas eles mudaram um pouco a cara do bolinho e fritaram em azeite de oliva. Nada contra, mas para quem gosta, tem que ser no tradicional mesmo, frito no azeite de dendê. E o recheio, nestes casos, não vai. Fica à parte. Você corta e coloca na hora. É a cena mais comum você chegar numa praia ou bar de rua em Salvador, olhar pra uma mesa onde estejam bebendo cerveja, e ver um pratinho com um acarajé grande todo cortado, acompanhado de vatapá, salada e camarão. Bom... a receita tá aí. Sinta-se à vontade pra experimentar e inovar. :o)
Túlio, tbm não é só "ter baian@" de verdade no lugar né. Tem a qualidade dos ingredientes, principalmente o dendê. A depender da região do país é muito difícil encontrar um bom. Uma amiga minha pediu pra levar qdo viajei, pq os de lá, pasmem, "empedravam" antes de chegar em casa.
ResponderExcluirSe tivesse acarajé em shopping eu almoçava isso e não subway naqueles dias em q a gente não tem tempo pra nada, sabe?
ResponderExcluirque delicia..eu amo acarajé..é tudo de bom mesmo..e acarajé?tem que ser da bahia mesmooo!!!já comi em varios lugar aqui em Sampa..ms.. igual ai não existe..deu agua na boca...
ResponderExcluirNanda, é fato. Ser "baiana" não presume que o acarajé seja bom. Até porque muita baiana aqui não tem acarajé gostoso. Tinha uma ali na Calçada, perto da estação, que fazia fila. Pense num acarajé bom. Pensou? Era muito mais! Quanto a comer todo dia, bem... haja dendê no sangue né minha nêga (quer dizer... nêga do Ricardo. kkkkk)!!! hehehe
ResponderExcluirIliane, do jeito que esse povo está falando do acarajé, acho que vou amarrar um torso aqui na cabeça, montar meu tabuleiro e começar a exportar. hehehehe
Tulio, "acarajé é hamburguer de baiano" é uma das melhores frases da culinária...rsrs tem que patentear, amigo!
ResponderExcluirSem querer ser chata (mas sendo rsrs) a mardita caixinha da boobox fica atrapalhando a leitura do texto. A posição dela não sai nem quando abre o post inteiro. Desculpe o toque, mas só pra te dar um alô!
Macho Gourmet rules, teu blog é 10!
Beijos
Aeeee, Tulio, agora sim! Beijos
ResponderExcluirAmooooo acarajé! Mas abará também é muuuito bom! Em breve faremos um post de um 'estabelecimento' que só vende estas iguarias... espero que seja tão bom quanto os de nossas tradicionais baianas!
ResponderExcluirwww.mastigandoemsalvador.com.br
Tulio, que tipo de tortura medieval é essa criatura? Eu adoro acarajé, essa receita do bolinho é perfeita!
ResponderExcluirBjs!
Renata, tô fazendo um intensivão de sadomasô. Tenho que experimentar as técnicas em alguém, né? kkkkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirCatarine, eu prefiro o abará. Sempre fui muito fan da acarajé, mas de uns tempos pra cá isso mudou.
sou fã de acarajé!! se tivesse uma baiana do acarajé perto da minha casa, eu estaria perdido
ResponderExcluirÉ disso que falo!!! simplicidade e muito sabor. Independente do estilo, cozinha ou técnica o sabor é a alma do prato.
ResponderExcluirParabéns pelo post.
Guilherme
Nunca provei um acarajé, mas creio que iria gostar se experimentasse. A cozinha baiana é maravilhosa com seus pratos cheios de significados.
ResponderExcluirAbraço
Wannabe, Guilherme e Lourdes... dizem os probloggers que você nunca deve se desculpar com seus leitores por não ter postado algo. Mas mamãe me deu educação e eu me desculpo sim pela falta de resposta aos seus comentários. Estive off estes dias.
ResponderExcluirComo diria Jack, meu açougueiro, vamos por partes! :o)
Wannabe, acarajé bem preparado é mesmo um vício. E se estiver acompanhando uma cerveja gelada, é a perdição para qualquer ser humano! hehehe
Guilherme. Concordo com você. Simplicidade muitas vezes ressalta o verdadeiro sabor. Muita gente aqui no Brasil acha que fazer pratos com nomes complicados e usar o título "Chef" o coloca num pedestal. Até coloca, para os mal informados arrogantes como ele. Cozinhar é uma arte, sim. Uma arte da alma e da simplicidade dos sabores. E até os mais renomados "chefs" ainda bebem das fontes simples. Pede pro Gordon Ramsey, pro Anthony Bourdain ou pro Jamie Oliver fazerem um Acarajé hoje. Eles vão ter que vir aqui, aprender com aquela baiana simples, que não é Chef de nada a não ser do tabuleiro dela.
Como eu costumo brincar, este povo precisa aprender o método KISS: Keep It Simple, STUPID! :o)
Lourdes, não só a cozinha baiana. A cozinha brasileira. Somos uma mistura de cozinhas. Aqui se criaram e se criam pratos maravilhosos. Modificamos pratos seculares para o nosso paladar. Aprecio muito a cozinha nordestina. Não só por morar aqui, mas por, como o Guilherme falou, ser simples. E são os simples sabores de grãos, carnes e temperos locais que fazem toda a diferença.
Agora que comentei para cada um, queria agradecer a todos pela visita ao blog. Os comentários me motivam a continuar postando.
Abraços do NÃO-CHEF mas apreciador da gastronomia, Túlio, o Macho Gourmet. :o)
Rapaz, troco qualquer coisa - não só hamburger - por um bom acarajé, e nem sou baiano. Abs
ResponderExcluirWair, eu também troco. heheheh Mas como disse, apesar de gostar do acarajé, fico com o abará. Ele é o meu preferido. Tem um post no Panela da Don'Anna (minha vizinha), onde ela ensina a fazer abará, caso esteja interessado. O link do blog dela é http://paneladadonanna.blogspot.com
ResponderExcluirAdoro acarajé! rs.
ResponderExcluiro seu blog é muito lindo, saboroso e engraçado! estou seguindo e curtindo muito!
ResponderExcluirhttp://deliciasdaisa.blogspot.com.br/
Oi Isadora! Obrigado pelo elogio. Procuro fazer o que posso pra tornar a leitura agradável. :)
ExcluirVou dar uma passadinha no teu blog também e, já tô te seguindo no Google Plus.